
Acabei de ler 1822, livro de Laurentino Gomes, o mesmo auto do livro “1808” sobre a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, o sucesso do livro se deve a forma prazerosa da escrita e a revelação de curiosidades históricas que, provavelmente, nunca irão aparecer nos livros didáticos de História do Brasil.
Três anos depois e no rastro das comemorações dos 188 anos da Independência do Brasil, o curioso jornalista oferece aos leitores a continuidade dessa história. Em “1822” ele começa onde parou. Ou seja, o que aconteceu por aqui depois da volta de D. João VI para Portugal, tendo como ponto alto a decisão de D. Pedro às margens do riacho Ipiranga.
O foco continua sendo o perfil pouco conhecido dos principais personagens. Não à toa, o complemento do título é “Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado”.
“Este livro procura explicar como o Brasil conseguiu manter a integridade do seu território e se firmar como nação independente em 1822”. Segundo o autor “A Independência resultou de uma notável combinação de sorte, acaso, improvisação, e também de sabedoria de algumas lideranças incumbidas de conduzir os destinos do país naquele momento de grandes sonhos e perigos”.
Escrita no estilo jornalismo literário, a prosa de Laurentino Gomes está longe dos relatos enfadonhas que priorizam nomes, datas e o discurso oficial. Assim como na empreitada anterior, no novo livro interessa ao autor fatos curiosos, a personalidade dos protagonistas e, principalmente, o “como” as coisas aconteceram.
Ao terminar de ler “1822”, ficam lições de História:
1) a Independência do Brasil tinha tudo para dar errado;
2) apenas o aventureiro D. Pedro poderia ter separado o País de Portugal num ato quase impensado;
3) o Brasil é fruto da capacidade de vender obstáculos que pareciam insuperáveis em 1822.
De acordo com o autor, o novo país nascia falido, analfabeto, sem soldados e armas para enfrentar reações de Portugal e de algumas províncias, muitas delas já querendo a República. “As dúvidas a respeito da viabilidade do Brasil como nação coesa e soberana, capaz de somar os esforços e o talento de todos os seus habitantes, aproveitar suas riquezas naturais e pavimentar seu futuro persistiram ainda muito tempo depois da Independência”, afirma Laurentino, na apresentação do livro.
É justamente nesse tempo de instabilidade que surge a Constituição de 1824, que já trazia ideias como a reforma agrária, o estímulo à agricultura familiar, proteção das florestas, respeito aos índios, educação para todos e a transferência da capital do Rio de Janeiro para algum ponto da região Centro-Oeste.
“Nem todas essas ideias saíram do papel, em especial que diziam respeito à melhor distribuição de renda e oportunidades em uma sociedade absolutamente desigual”, ressalta o autor, que mais uma vez cumpre a função de decifrar os fatos e seres humanos por trás dos mitos da historiografia oficial da formação do Brasil.
Então fica uma ótima dica de leitura!
Até o proximo post!
Beijo,tchau!